POR: Dinah Castilho Campos
A dor do sertanejo, quando não chega a chuva no tempo do inverno, e a demorada ação do governo na transposição do São Francisco para a solução desse problema crucial não têm explicação.
Após as eleições, quantos anos precisarão esperar estespobres nordestinos, para verem assegurados os seus direitos?
São bilhões arrancados da alma do povo por quem deveria cuidar de minorar a sua dor. E a ingenuidade desse mesmo povo é explorada, ano após ano, com promessas vãs e indecorosas daqueles que se promovem através do seu voto, para lhes trair como fez Judas Iscariote ao Filho e Deus.
Só a fé num milagre faz resistir o camponês aos flagelos da seca que sempre assolaram o Nordeste do Brasil porque a crença nos homens do poder já se esgotou e há muito tempo.
O MILAGRE DO NORDESTE
Olegário Mariano
Ante a desolação da terra comburida,
O homem, depondo a enxada, acurvado de mágoa,
Pôs o joelho e mal pôde dizer:
"Deus! Com o sol que me dás, tu me tiras a vida...
Manda-me por piedade um pouco d’água
Para o meu pobre gado não morrer..."
E apontava com o braço escarnado a campina
Onde os trapos daquela imensa ruína
Mugiram com vergonha de viver.
"Deus! Meu cavalo ontem morreu de fome e sede...
Enterrei-o envolvido em minha rede
Era o que eu tinha de melhor para lhe dar."
E sem poder dizer tudo o mais que sentia,
Os braços alongando à tarde que morria,
O homem, junto da enxada, atirou-se a chorar...
E sobre ele choveu a noite toda, sem parar.
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